Recentemente, as biografias das imperatrizes do Brasil – Leopoldina, Amélia e Teresa Cristina – começaram a ganhar mais atenção dos pesquisadores. Ainda assim, o número de publicações que revelam detalhes da vida e os feitos dessas mulheres é muito pequeno. Teresa Cristina, princesa napolitana que se casou com d. Pedro II e foi imperatriz do Brasil entre os anos de 1843 e 1889, tem atualmente sua biografia sendo produzida pela escritora Eugenia Zerbini.
Nascida em Nápoles, em março de 1822, Teresa Cristina era descendente de uma das famílias reinantes mais importantes da Europa, os Bourbon. Era filha de Francisco I, rei das Duas Sicílias, e de Maria Isabel de Bourbon, irmã de d. Carlota Joaquina, avó de Pedro II. Desembarcou no Rio de Janeiro em setembro de 1843, já casada por procuração com o então imperador do Brasil. A cena do casamento foi registrada numa pintura de Alessandro Ciccarelli e pertence hoje ao Museu Imperial, em Petrópolis.
Teresa Cristina trouxe na bagagem peças arqueológicas provenientes das cidades de Herculano e Pompéia. Enquanto vivia no Brasil, patrocinou mais escavações nos arredores de Roma – parte do material encontrado foi enviado para o Rio de Janeiro. Por correspondência, a imperatriz trocou com seu irmão, Fernando II, artigos indígenas brasileiros por antiguidades pertencentes ao Real Museu Bourbônico. Todos esses itens faziam parte da maior coleção de arqueologia clássica da América Latina, com cerca de 700 peças produzidas entre os séculos VII a.C e III d.C. O acervo recebia o nome da imperatriz e estava guardado no Museu Nacional até setembro de 2018, quando provavelmente foi perdido no incêndio que destruiu o edifício.
Nos 46 anos que morou no Brasil, viveu no Palácio de São Cristóvão – o prédio que abrigava o Museu Nacional. Nele, decorou com mosaicos de pedaços de cerâmica, porcelana e vidros coloridos os bancos e muros do Jardim das Princesas. Hoje fechado para visitação, o jardim exibe ainda pouco dessa ornamentação, que já está bastante danificada. Foi graças ao interesse de Teresa Cristina pelas artes que nomes como Pedro Américo, Victor Meirelles e Rodolfo Bernardelli tiveram a oportunidade de aprimorar seus estudos de belas artes na Itália.
Teresa Cristina teve quatro filhos com d. Pedro II: d. Afonso, que morreu com dois anos, d. Pedro Afonso, que faleceu com poucos meses de vida, d. Leopoldina, que viveu até os 24 anos, e d. Isabel, a princesa que herdaria o trono brasileiro, responsável por assinar a Lei Áurea. As duas princesas são retratadas com seus pais na gravura do litógrafo francês Sebastien Auguste Sisson.
Após a proclamação da República e a expulsão da família imperial do país, em 15 novembro de 1889, Teresa Cristina partiu para a Europa. Morreu pouco mais de um mês depois, de ataque cardíaco, no Porto, em Portugal.