Um dos símbolos mais conhecidos do Brasil, a banana está espalhada por todo o mundo tropical e tem sua presença registrada na Ásia e na África milhares de anos antes de Cristo. É a fruta fresca mais consumida no Brasil e no mundo. Duas correntes de estudiosos disputam a origem da banana no Brasil. A visão mais aceita diz que a banana, vinda do Sudeste Asiático e do Oeste do Pacífico, teria chegado ao Oriente Médio, depois à África e, de lá, teria sido trazida ao Brasil pelos portugueses nos primeiros anos da colonização. A outra corrente defende que os indígenas que viviam aqui já conheciam e consumiam a banana, chamada por eles de pa'kowa (que em tupi significa folha de enrolar), antes da chegada dos colonizadores. Segundo esses estudiosos, a fruta, também já conhecida pelos Incas, teria sido introduzida na América pelos chineses que teriam chegado por aqui antes dos europeus.

[Colheita na árvore chamada Pacovera]

"A bananeira (Musa sp.) originária do sudeste asiático e introduzida ao longo das primeiras décadas de colonização teve rápida dispersão em todo o Brasil e chegou a ser considerada nativa por alguns dos primeiros cronistas", afirmam os pesquisadores Bernardo Tomchinsky e Lin Chau Ming no artigo "As plantas comestíveis no Brasil dos séculos XVI e XVII segundo relatos de época" (Rodriguésia. Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, n. 70, 2019). No mesmo artigo, afirmam que a primeira citação da banana no Brasil ocorreu em 1555, na obra de André Thevet (1516-1592), Les singularitez de la France Antarctique, publicada na França em 1557 (gravura acima).

"Na ocasião do descobrimento do Brasil, os indígenas já consumiam banana (...) Na forma in natura supostamente se tratava da cultivar Branca (que deu origem à cultivar Prata) e que havia ainda outra cultivar chamada de Pacoba, rica em amido, que era consumida cozida ou assada e substituía o pão para os nativos. Durante o Brasil colônia, juntamente com os escravizados trazidos da África, sabe-se que outras cultivares chegaram até as terras brasileiras, como a banana Nanica", afirma a engenheira agrônoma Andrea Ribeiro Rodrigues Rosa em sua tese de doutorado Desempenho agronômico de nova cultivares de banana (Musa spp.) na região de Piracicaba (SP) (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 2016).

Segundo o pesquisador e agrônomo português José Eduardo Mendes Ferrão (1928-2022), autor do livro A Aventura das Plantas e os Descobrimentos Portugueses (Lisboa: Instituto de Investigação Científica Tropical, Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1992), ainda são necessários muitos estudos para esclarecer e preencher as lacunas da historiografia da banana.

Le bananier

Fato é que a bananeira, de fácil cultivo, se espalhou rapidamente por quase todo o território brasileiro e passou a ser cultivada pelos indígenas em suas aldeias, pelos africanos nos engenhos de cana-de-açúcar e por toda a população nos quintais das casas e áreas livres nas cidades para seu consumo. "A bananeira se encontra nas florestas virgens, cultivada pelos selvagens, que com ela cercam suas cabanas. Algumas, primitivamente cultivadas pelas tribos nômades e abandonadas em seguida, dão frutos que se tornam a presa dos caçadores ou dos animais frugívoros. Cultivam-se no Brasil duas espécies de bananas; uma chamada de banana-de-jardim ou de São Tomé é a menor e extremamente saborosa, a outra, banana indígena ou da terra, muito maior, mas de gosto inferior", observou Jean-Baptiste Debret (1768-1848) em seu livro Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2016), publicado em Paris em 1835. O pintor francês, que esteve no Brasil entre 1816 e 1831 e se dedicou a retratar a banana em mais de uma gravura (acima) de sua obra, também afirmou: "Esse fruto, muito abundante no Brasil, constitui o alimento generalizado de todas as classes desde o selvagem, o escravo e o indigente até o rico proprietário".

Cultura Musae Paradisiacae Prope Urbem Rio de Janeiro

Diferentemente da cana-de-açúcar, originária da Oceania e também trazida pelos portugueses, a banana passou a ser cultivada de maneira comercial no Brasil somente no início do século XIX. "Os primeiros plantios comerciais de banana ocorreram no estado de São Paulo e foram realizados na proximidade da cidade de Santos, entre 1800 e 1850. A história registra em 1803 na cidade de Cubatão como sendo a primeira lavoura extensiva de banana", afirma a engenheira agrônoma em sua tese citada. Na gravura acima, do alemão Carl Friedrich Philipp Von Martius (1794-1868), publicada por volta de 1859, vemos uma plantação de bananeiras perto do Rio de Janeiro.

Bananas

A banana teria chegado à Europa, levada pelos romanos no século I a.C., mas, apesar de extensamente consumida na Ásia, África e América, só começou a se tornar popular entre os europeus no final do século XIX. Muitos artistas viajantes que percorreram o Brasil nesse século se encantaram com a presença dessa fruta na paisagem, como o inglês Charles Landseer (1799-1879), no desenho acima, e a inglesa Marguerite Tollemache (1818-1896), abaixo.

Bananas overhanging the ledge of Williams' bath - by Moonlight

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor de bananas, atrás da Índia, China e Indonésia, e os principais importadores são Estados Unidos e Europa.