O pintor paisagista e gravador suíço Frédéric Salathé (1793-1858) produziu as litografias de Souvenirs de Rio de Janeiro dessinés d’aprés nature & publiés par J. Steinmann, um dos álbuns mais raros entre os publicados na primeira metade do século XIX. Salathé havia estudado na Suíça com o pintor Peter Birmann (1758-1844), famoso naquele país por suas paisagens dos Alpes. Junto com outros pintores jovens, Salathé foi para a Itália, onde viveu alguns anos e integrou um movimento de artistas que se dedicavam a pintar ao ar livre e que ficaram conhecidos como precursores do impressionismo.

Quando já estava morando em Paris, para onde se mudou em 1831, Salathé foi procurado por seu amigo Johann Jacob Steinmann (1800-1844), também suíço, que esteve no Brasil entre 1825 e 1833, a convite do governo brasileiro, para instalar e dirigir a primeira escola de impressão da Academia Militar, no Rio de Janeiro.

A aquarela acima, sem data, foi pintada por Salathé e reproduz a mesma paisagem que aparece nas duas versões do álbum Souvenirs de Rio de Janeiro, desenhadas por Steinmann, disponíveis aqui na Brasiliana Iconográfica. Na gravura abaixo, vemos a imagem publicada em 1834, pertencente ao acervo da Coleção Brasiliana Itaú e que conta com uma moldura criada com imagens produzidas pelo alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858), que esteve no Brasil entre 1822 e 1825. E na seguinte, a mesma paisagem, publicada em outra edição do álbum, de 1839, parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Nessa época, era muito comum e rápida a reutilização de imagens produzidas por outros artistas nos álbuns, publicados no Brasil e na Europa, que se tornavam muito populares. Salathé reproduziu em aquarela onze das doze gravuras que integram o álbum de Steinmann. Entre elas a do Largo do Paço (abaixo), criada a partir de desenho do pintor francês Laurent Victor Barat (1798-1859), que não ficou muito famoso, mas morou por 30 anos no Brasil, onde se casou com Sophie Joséphine Gudin, uma modista instalada na rua do Ouvidor.

O gravador também pintou as duas imagens, presentes no álbum, feitas a partir de desenhos do alemão Eduard Kretzschmar (1806-1858), que nunca veio ao Brasil: Vista de Nossa Senhora da Glória e da Baía do Rio de Janeiro e Vista Tomada de Santa Teresa, que podem ser vistas abaixo.

Apenas a gravura Vista do Sacco d'Alferès & de St. Cristovão (as duas versões, gravadas por Salathé, abaixo) não aparece aqui neste portal entre as aquarelas pintadas pelo suíço.

Por fim, a pintura Vista do Rio de Janeiro (abaixo), em que o Pão de Açúcar ganha destaque ao fundo, não consta no álbum de Steinmann, tendo Salathé se inspirado certamente em outra imagem a que teve acesso, visto que o artista não esteve no Brasil.